Criptomoedas são apontadas como únicas responsáveis por lavagem de dinheiro na CPMI do INSS
Em uma nova sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), trouxe à tona a preocupação com o uso de criptomoedas como um meio de lavagem de dinheiro. A declaração dele provocou discussões sobre as consequências desse tipo de operação.
Gaspar mencionou que os aposentados e pensionistas perderam quase R$ 100 milhões devido a um esquema chamado Arpar. Ele ressaltou que esse dinheiro pode estar se desviando por uma rede complexa de lavagem de dinheiro que termina, em muitos casos, sendo convertida em criptomoedas. Essa conversão torna a investigação mais desafiadora, já que o rastreamento dos valores se torna complicado.
Criptomoedas e Lavagem de Dinheiro
Após ouvir o contador Mauro Palombo Concílio, Gaspar participou de uma coletiva onde foi questionado sobre sua afirmação de que os recursos desviados terminam em criptomoedas. Ele discordou da percepção de que esse fenômeno seja apenas um detalhe, destacando que o Brasil está se tornando um “paraíso” para a lavagem de dinheiro. Gaspar afirmou que o desvio de recursos não se limita a um crime isolado; ele está diretamente ligado ao financiamento de atividades de organizações criminosas e até mesmo de grupos terroristas.
O deputado acrescentou que é necessário um olhar mais atento por parte do Congresso para a gravidade da situação. Ele mencionou que estruturas organizadas utilizam camadas complexas para esconder o dinheiro, que acaba sendo convertido em criptomoedas.
Durante a coletiva, um jornalista indagou como funcionava esse esquema de operação das criptomoedas pelas organizações criminosas. Gaspar, um pouco ressabiado, confirmou que não tinha informações específicas sobre o caso de fraude no INSS, mas afirmou que existem redes de lavagem de dinheiro que movimentam bilhões. Porém, até o momento, não apresentou evidências concretas.
Ele finalizou sua fala pedindo atenção para requerimentos importantes que envolvem dinheiro desviado que “parou em casas de câmbio e criptomoedas”, ligando essas movimentações a organizações criminosas violentas.
Histórico de Lavagem de Dinheiro
A lavagem de dinheiro não é uma novidade. Esse crime já era praticado desde os anos 20, com figuras como Al Capone, nos Estados Unidos. O conceito de lavar dinheiro nasceu da necessidade de legalizar fundos provenientes de atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e corrupção. Globalmente, o tema ganhou destaque na década de 80, quando houve uma pressão internacional para rastrear as finanças das organizações criminosas.
O Brasil começou a formalizar o combate a essa prática mais tarde, em 1998, com a Lei nº 9.613. Essa lei criou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), voltado para a prevenção e monitoramento de atividades suspeitas.
Entretanto, associar os crimes de lavagem de dinheiro ao bitcoin e outras criptomoedas pode ser uma abordagem problemática, considerando que essas tecnologias surgiram apenas a partir de 2009. Nos últimos anos, as corretoras, empresas de cripto e instituições financeiras já trabalham em conjunto com autoridades, promovendo uma autorregulação do mercado. Isso indica que a relação entre criptomoedas e crime não é tão direta quanto pode parecer em um primeiro momento.





